27 junho 2009

Proibir a burca: defesa da liberdade das mulheres ou intolerância cultural?

Nicolas Sarkozy presidente da França propôs a proibição do uso da burca usada por mulheres muçulmanas, argumentando que a vestimenta reduz a mulher à servidão e ameaça a sua dignidade, que seu uso não é um sinal de religião, mas de subserviência.

Organizações de defesa dos direitos humanos como a Human Rights Watch, organização internacional respeitadíssima, têm criticado publicamente a proposta do governo francês, alertando que a liberdade de exprimir a religião e a liberdade de consciência são direitos fundamentais.

Tenho lido e ouvido muitos embates sobre o tema, que têm provocado discussões acaloradas e apaixonadas. Mas a verdade é que se aceitarmos o argumento de que nenhuma mulher opta por usar uma burca e sim coagida a usá-la desde cedo e acaba se conformando - o que por si só acho uma leitura simplista da realidade muçulmana - e que esta suposta violência tem que ser coibida pelo Estado laico, que ele não pode ser omisso em relação a ela, seria mais honesto a adoção de medidas restritivas contra nossas próprias mazelas ocidentais.

Isso porque, se o Estado for restringir ações que são hipoteticamente resultado de escolhas pessoais, ainda que influenciadas, teria que agir também para coibir severamente a prostituição porque as mulheres que "exercem"o chamado mais antigo dos ofícios o fazem não por prazer e sim como meio de sobrevivência. Valeria também para as mulheres que servem à indústria pornográfica e vários ramos do entretenimento que exploram a condição dela como objeto sexual.

Mas aí, reconheço, seria avançar demais sobre temas que sucitariam polêmica extrema no nosso proprio quintal social e cultural, não é mesmo? Mais cômodo é julgar eventuais diferenças culturais do Oriente, reduzindo-as a defeitos de uma cultura medieval incompatível com o padrão ocidental de civilização.

Resumindo, entendo que à pretexto de defender a liberdade das mulheres, franceses cultivam xenofobia e intolerância religiosa. Defendo a diversidade cultural! Mesmo que ela não atenda nossos padrões.

É minha opinião.

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